Em circunstâncias “naturais”, a mulher média engravidaria cerca de 15 vezes em sua vida, resultando em dez nascimentos. Sete desses bebês sobreviveriam à infância. Durante séculos, as pessoas procuraram maneiras de atrasar ou interromper a gravidez. Hoje, finalmente existem meios seguros e eficientes de aborto, mas mulheres em todo o mundo continuam a usar métodos caseiros antigos, ilegais ou arriscados: todos os anos, 47.000 mulheres morrem de abortos malsucedidos.

Em muitos países e religiões, milhões de mulheres ainda não têm acesso ao aborto por lei ou por coerção social. Elas são obrigadas a levar a termo a gravidez contra sua vontade, mesmo menores de idade e vítimas de estupro, e para muitas a gravidez é inviável ou representa um risco à saúde. Mas todas podem ser criminalizadas por tentar abortar.

On Abortion é a primeira parte do novo projeto de longo prazo de Laia Abril, Uma História da Misoginia. O trabalho foi exibido pela primeira vez em Les Rencontres em Arles em 2016 e premiado com o Prix de la Photo Madame Figaro e o Fotopress Grant. A Abril documenta e conceitua os perigos e danos causados pela falta de acesso legal, seguro e gratuito das mulheres ao aborto. Ela se baseia no passado para destacar a longa e contínua erosão dos direitos reprodutivos das mulheres até os dias atuais, entrelaçando questões de ética e moralidade, para revelar uma série impressionante de gatilhos sociais, estigmas e tabus em torno do aborto que têm sido amplamente invisível até agora.