No período que antecedeu as eleições de 3 de novembro de 2020 nos Estados Unidos, Teju Cole começou a fotografar o balcão de sua cozinha em Cambridge, Massachusetts. Trabalhando na tradição de natureza morta de Chardin, Cézanne e dos mestres holandeses, bem como de fotógrafos contemporâneos como Laura Letinsky e Jan Groover, ele fotografou todos os dias ao longo de cinco semanas. Ao contrário desses ilustres antepassados, Cole deixou seus arranjos inteiramente ao acaso, “as tigelas e pratos movendo-se em suas constelações imprevisíveis”. O que surge é um retrato surpreendente, ao longo do tempo, de um balcão de cozinha em uma casa em um momento de agitação social, cultural e política. A par das fotografias está um longo ensaio escrito, tão abrangente nas suas preocupações – fome, jejum, luto, escravatura, intimidade, pintura, poesia e história da fotografia – como as fotografias são delimitadas nas suas. O texto e as sequências fotográficas são intercalados com um livro de receitas anônimo escrito à mão do século XVIII de Cambridge. Golden Apple of the Sun é uma obra luminosa e humana, apresentada com a ousadia formal e a inteligência oblíqua que esperamos de Teju Cole.