Na primeira monografia de Phil Jung, Windscreen, somos posicionados para espiar pelas janelas de carros americanos que já viram dias melhores. Capturados nas ruas da cidade, existindo em um espaço entre o público e o privado, esses interiores de carros são frequentemente encontrados decrépitos e vazios, mas cada um deles ganha vida por meio de seus detalhes inanimados, as marcas idiossincráticas de proprietários passados e presentes, revelando uma série de retratos sem temas.

Itens mundanos e peculiares – maços vazios de cigarros Carlton, a moldura quebrada de um Van Gogh digital, uma prancheta de tabuleiro Ouija – traçam os contornos de vidas vividas, mas não vistas. Escória, gelo e insetos mortos, que aparecem como belas abstrações de campos de cores, às vezes nos impedem de ver o interior e, então, a presença repentina de uma mão sem corpo nos faz pensar se deveríamos estar olhando.

Fotografado em filme Kodak 4×5 e impresso com uma articulação impressionante, o trabalho de Jung, em seu uso poderoso de cor e composição, é uma conquista do formalismo fotográfico. Mas o mais impressionante é a evocação hábil e poética de Jung da paisagem social americana contada por meio de representações da decadência automotiva.